Já são mais de seis meses de duas perdas irreparáveis, que aconteceram em curtíssimo intervalo de 15 dias, aumentando a dor de uma devastadora pandemia. Infelizmente, estou me referindo aos meus amados pais, Telmo Lopes de Albuquerque e Vanir Teresinha Turra de Albuquerque, que foram contaminados e mortos pela Covid-19 na fila de um banco, onde foram obrigados pelo INSS a irem para provarem que estavam vivos, contrariando os protocolos de saúde recomendados em meio a pandemia. Agora, em janeiro, novamente o Governo Federal obriga os idosos a se arriscarem para a prova de ‘morte’, pois sem este comparecimento as suas aposentadorias são cortadas. Isso tudo em meio a mais uma forte onda da Covid-19 que, mesmo amenizada pelas vacinas, agora é acompanhada pela explosão de casos de contágio por gripe H3N2.
Neste cenário, mais pessoas perderão a vida por atitudes irresponsáveis deste governo insensato e cruel. O meu apelo, hoje, é para que o Supremo Tribunal Federal (STF) julgue com rapidez a ação do Partido Socialista Brasileiro, que está nas mãos do ministro Luís Roberto Barroso. Nesta ação, destacamos que os cartórios têm obrigação de informar à Receita Federal até um dia útil depois do registro da morte. Após essa comunicação, o corte da aposentadoria é feito imediatamente, o que torna desnecessária a prova de vida. O que foi relatado ao STF funciona e não deixa margens para fraudes. O exemplo vem do meu pai, que faleceu dia 24 de junho de 2021 e, já no começo de julho, sua aposentadoria não estava mais na sua conta bancária. Qual o objetivo ao expor e humilhar os idosos aposentados, muitos deles doentes e com totais restrições de locomoção? Não tem sentido esta prova de vida do INSS que, devido a pandemia, hoje transforma longas filas nos bancos em verdadeiros corredores da morte. Basta desta ação humilhante, desnecessária e inconstitucional com nossos idosos aposentados.
E não me venham com esta de que ‘é só ligar para o INSS que ele vai até a casa do aposentado fazer a prova’ porque nem o telefone funciona. São horas ligando sem qualquer retorno. Eu e meu irmão já perdemos nosso pai e nossa mãe, espero que você, ao ter esta realidade em casa, não fique de braços cruzados.
Chega! Basta de crueldade. Basta de mortes evitáveis.
Por Beto Albuquerque – Artigo publicado originalmente no Jornal NH